BETS. Você apostaria seu futuro?
- Carolina Ligocki
- há 3 dias
- 3 min de leitura
Você já sentiu aquele friozinho na barriga ao ver que ganhou uma aposta? E o arrependimento por apostar e perder o que não podia?
Na primeira vez que entrei em um cassino fiquei encantada com as máquinas caça níqueis onde coloca uma moeda e ganhava três, apostava mais uma e ganhava cinco, perdia 3, ganhava 1… e nesse ritmo passei mais de 2 horas entretida sentindo fortes emoções. Felizmente tive a lucidez de, ao ficar com apenas uma moeda, colocá-la na bolsa e ir embora.
Muita gente entra no ciclo de jogos de apostas achando que é só diversão, ou a grande oportunidade para ganhar dinheiro — e não percebe que está sendo sugada por um sistema construído para parecer jogo, mas que se comporta como uma armadilha.

Esse artigo é um alerta e um convite. Um alerta porque as “bets” estão ferindo silenciosamente muitas famílias. Um convite para você retomar o controle e fazer, não mais apostas mas, investimentos de verdade… na sua vida.
Você não está perdendo porque não tem sorte. Está perdendo porque o jogo é feito pra você perder.
A maior ilusão das apostas é nos fazer crer que é possível “recuperar o que foi perdido” com mais uma jogada. Esse é o viés da falácia do custo afundado: continuar apostando porque já investiu demais. O que começou como “só R$ 10” vira um buraco de R$ 1.000. Ou mais.
As apostas exploram a impulsividade, o imediatismo e o excesso de confiança. Não é que você seja irresponsável — é que todos somos humanos. Nossas decisões são 95% emocionais. E quem faz esses jogos sabe disso.
Cinco empurrõezinhos comportamentais para sair desse ciclo
Faça o “jogo da verdade” com você mesmo Antes de apostar, responda: “Se eu perdesse esse valor, como me sentiria?” Se a resposta for “culpado”, “frustrado” ou “quebraria meu mês”, não aposte. Essa técnica ativa o viés de antecipação da dor — e pode ser uma alavanca de autocontrole.
Use o “desconto temporal” a seu favor Tendemos a valorizar o prazer imediato e desvalorizar ganhos futuros. Mas experimente inverter: escreva o que você poderia fazer com esse dinheiro daqui a 6 meses. R$ 100 por mês se tornam R$ 600, que podem virar reserva, roupa nova, tratamento de saúde ou parte de uma viagem.
Crie o hábito do “ganhou, guardou” Se apostar, só continue se guardar o dobro do que ganhar. Ganhou R$ 100? R$ 200 vão direto para uma conta investimento. Isso ativa o compromisso público e o princípio da reciprocidade interna. Você passa a se proteger de si mesmo.
Desinstale os aplicativos, instale uma reserva financeira Troque o hábito digital: toda vez que quiser apostar, coloque o valor numa aplicação (CDB, Tesouro Selic, Fundo de renda fixa…). Isso reconecta o seu comportamento ao seu corpo e seus valores.
Construa um novo “gatilho de prazer” A emoção de ganhar pode ser substituída. Planeje pequenas realizações: um encontro com amigos, uma pizza no fim de semana com a família, uma caminhada, a inscrição de um curso. A dopamina virá, só que sem culpa e sem rombo.
O que está em jogo não é o dinheiro. É sua liberdade.
A gente pensa que é só um joguinho. Mas o que está em risco é muito maior: é sua capacidade de decidir o que faz com o seu tempo, seu trabalho e suas conquistas. É a paz de quem sabe que vai conseguir pagar as contas, viver os sonhos e cuidar da família.
Dinheiro é tempo de vida transformado em papel. Quando você perde R$ 200 num jogo, não está perdendo só dinheiro. Está perdendo a chance de dizer sim para algo importante. Está dando dinheiro para um sistema que cresce em cima da sua dor e da dor de milhares de famílias.
Se você sente que passou do limite, está tudo bem pedir ajuda. Você não está sozinho. Fale com alguém de confiança, busque grupos de apoio, terapia. O primeiro passo para sair de uma armadilha é reconhecê-la.
E se você tem filhos ou é educador, converse sobre esse tema com as crianças e os jovens. Supervisione o acesso aos jogos on-line. Ensine sobre os perigos e reforce sempre que o dinheiro é um recurso que deve ser usado com responsabilidade — e que deve ser usado para o bem.
O Léo e eu aprendemos que dá pra mudar de vida com pequenos hábitos e grandes propósitos. E você? Está pronto para usar seu dinheiro no que realmente importa? Conte conosco e até a próxima!
Carolina Ligocki
Fundadora e autora da Oficina das Finanças
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