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3 pontos de atenção sobre a mesada

Seus filhos ganham mesada? Constantemente nos deparamos com famílias querendo saber a melhor forma de educar financeiramente os filhos, e a mesada aparece como top 5 entre os temas mais pedidos. Resolvi escrever porque podemos gerar resultados diferentes dentro de casa, dependendo da abordagem e da estratégia ao usar o dinheiro. Quero aproveitar para trazer reflexões e ampliar o olhar para novas possibilidades.


Nossa filha tem 21 anos e nunca recebeu mesada. Decidimos agir dessa forma, pois tínhamos a intenção de ensinar a ela usar o dinheiro de forma empreendedora, responsável e sustentável, e estávamos empenhados em “testar” algumas estratégias. Vou resumir nossa jornada alertando para 3 pontos-chaves que são fundamentais.


Crianças/jovens começam a vida GANHANDO dinheiro, mas precisam aprender a GERÁ-LO. O fato de estabelecer uma quantia e garantir que a criança a receba de tempos em tempos pode gerar a ilusão de que o dinheiro chega, mesmo sem nenhum compromisso ou ação específica, o que é irreal.  Prefira dar quantias alternadas, sem o compromisso semanal ou mensal. Isso ajuda que a criança aprenda a aproveitar melhor o dinheiro que recebe, desenvolva hábitos para preservá-lo e, ao mesmo tempo, não fique privada de ter o próprio dinheiro para praticar outras habilidades de gestão, percebendo limites.



O dinheiro dá acesso a muitas coisas. As crianças/os jovens precisam aprender a usá-lo com responsabilidade. É fundamental que  sejam orientados para usar bem o dinheiro que recebem, pois existem limites éticos e responsabilidades que precisam ser ensinadas. Lembro-me como se fosse hoje este fato: viajamos com nossa filha, e ela ganhou dinheiro das avós para gastar como quisesse. Era o dinheiro dela, seria um bom treino para que pudesse fazer escolhas e percebesse a troca do dinheiro por itens e o limite dele. Estava tudo indo muito bem. Ela estava supercriteriosa para gastar, saiu de mãos vazias de várias lojas até que entramos em um supermercado, e ela encheu o carrinho com balas, chocolates e guloseimas. Aquilo nos deixou atordoados. Afinal de contas, era a escolha dela mas, ao mesmo tempo, seria péssimo para a saúde consumir tudo aquilo. Tivemos que intervir, conversar sobre os impactos daquela decisão e mostrar que, mesmo tendo o dinheiro, deveria fazer escolhas positivas para sua saúde e bem-estar. 


O dinheiro é apenas um dos resultados do trabalho, e as crianças/os jovens precisam aprender a trabalhar e contribuir de graça. É bastante comum vermos famílias remunerando os filhos por arrumarem a cama, lavarem louças, estudarem e fazerem atividades que, teoricamente, seriam obrigações deles. Esse é um ponto interessante de avaliar, pois é mais fácil incentivar a colaboração oferecendo remunerações como estímulo. Mas precisamos lembrar que o papel da família é educar os filhos para a vida em sociedade;  trabalhar de graça e contribuir são habilidades essenciais. Se deseja criar estímulos, é possível estabelecer desafios em casa como, por exemplo, reduzir o consumo de energia e água. Pedir que os filhos pensem em estratégias criativas, pesquisem formas de gerar  economia  pode lhes proporcionar remuneração ao atingir os objetivos. Nesse processo, estarão desenvolvendo habilidades de planejamento, autocontrole, criatividade, iniciativa… e conquistando o dinheiro com empreendedorismo.


Este é um tema apaixonante! Podemos criar incentivos e ensinar o uso empreendedor e responsável do dinheiro de diversas maneiras no dia a dia e ajudar os filhos a serem autônomos, pensarem em formas criativas de fazer o dinheiro que precisam para concretizar sonhos. Uma última sugestão: evite dizer "não tenho dinheiro” ”Isso é muito caro!” Aproveite para dizer "como podemos fazer esse dinheiro?” “Onde vamos economizar, o que podemos vender?”. Lembre-se sempre de que, para ter uma vida financeira sustentável e próspera, os comportamentos são mais importantes do que a quantidade de dinheiro. Até a próxima!




Carolina Simões Lopes Ligocki

Autora e fundadora da Oficina das Finanças

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