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Mais que números: escolhas

Lições que valem pra vida toda


As famílias enfrentam endividamento crescente, o custo de vida aumenta, e muitos jovens têm sofrido influências para o consumo exagerado, jogam e apostam on-line e chegam à vida adulta inadimplentes e sem saber lidar com o próprio dinheiro. Mas existe uma resposta concreta a esse cenário: a educação financeira, especialmente quando começa desde cedo, com base comportamental e contextualizada na realidade das pessoas.


Imagine uma sala de aula onde estudantes falam de sonhos e conhecem caminhos para concretizá-los, analisam os próprios hábitos de consumo, refletem sobre o impacto de suas escolhas no meio ambiente e na sociedade, e descobrem que o dinheiro pode — e deve — ser usado para o bem. Essa cena, que poderia parecer do universo adulto, já é realidade em diversas escolas do Brasil e do mundo que escolheram trilhar o caminho da educação financeira com propósito, ética e cidadania. Pois, como vivemos tempos desafiadores, educar para o uso responsável do dinheiro desde a infância virou uma necessidade.


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Foi buscando conhecimento financeiro prático que o Léo e eu mudamos nossa trajetória. Em momento de crise e insegurança, decidimos estudar, praticar e transformar nossa relação com o dinheiro. Mudamos hábitos e obtivemos resultados inimagináveis. Quando compartilhamos essa experiência com adultos eles começaram a nos dizer: “puxa! Como eu gostaria de ter aprendido isso na escola!”. Percebemos o quanto as escolas são territórios potentes para essa mudança. Afinal, é ali que nascem hábitos, crenças e comportamentos que podem durar a vida inteira.


Não sei se você sabe, mas desde 2010, o Brasil conta com a Estratégia Nacional de Educação Financeira (ENEF), que reforça a importância do tema nas políticas públicas. E, desde 2020, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) estabelece a educação financeira como tema obrigatório, transversal, presente em todas as etapas da educação básica. Mas esse movimento não é só brasileiro. Países como Finlândia, Austrália, Reino Unido, EUA e 27 Países da União Européia têm políticas robustas voltadas ao ensino de finanças desde a infância. Porque entenderam que educar financeiramente é promover justiça social.


Pesquisas internacionais, como as do OECD Programme for International Student Assessment (PISA), revelam que estudantes com maior letramento financeiro tomam decisões mais conscientes, evitam dívidas desnecessárias, são mais críticos em relação à publicidade e ao consumo e têm maior propensão ao empreendedorismo. No longo prazo, isso se traduz em impactos sociais relevantes: menos pobreza, menos desigualdade, mais inclusão e desenvolvimento sustentável.


E esse impacto começa, muitas vezes, dentro da sala de aula. Já vimos crianças que passaram a economizar energia e água em casa, jovens que ajudaram os pais a saírem das dívidas, famílias inteiras reorganizando suas finanças porque os filhos levaram as atividades do livro para casa. Esse aprendizado tem poder multiplicador.


Por isso, se a escola do seu filho já trabalha esse tema, celebre! Valorize os professores, converse com os filhos, envolva a família. E, se ainda não, leve essa conversa para a escola. Muitos educadores precisam de incentivo para trabalhar o tema. A mudança começa com pequenas ações.


Educar financeiramente vai muito além da matemática, é preparar para a vida. É ensinar a planejar, resistir a impulsos, refletir sobre valores e fazer escolhas responsáveis. É garantir que as crianças e os jovens tenham mais ferramentas para construir um futuro digno, seguro e sustentável. E quando a escola e as famílias abraçam essa missão, o impacto vai muito além das notas: alcança a vida. Até a próxima!



Carolina Ligocki

Fundadora e autora da Oficina das Finanças

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