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Por que você joga tanto dinheiro no lixo?

Me lembro como se fosse hoje, era um sábado à tarde, estava organizando o armário de compras na cozinha e encontrei uma lata de atum vencida, pacotes de farinhas e feijão com bichinhos. Fui para internet e descobri que se tratavam de aproximadamente R$ 50,00 que iriam para o lixo. Já aconteceu algo parecido com você?


Fiquei pensativa e chateada por não ter priorizado refeições com a bendita lata, não ter guardado as farinhas e feijão no congelador, que é minha prática hoje. Afinal, dinheiro não é apenas dinheiro, é o reflexo do tempo que dedicamos ao trabalho, das horas longe da família, do esforço diário para garantir uma vida confortável. Quando entendemos que cada compra representa um pedaço do nosso tempo de vida, o ato de consumir ganha um novo significado. 


Aproveitei o contexto, e depois fiz os cálculos de quantas horas de trabalho os R$ 50,00 representavam. Você já calculou sua hora de trabalho? Para uma pessoa com renda aproximada de R$ 4.000,00 que dedica 160 horas mensais ao trabalho, essa hora gira em torno R$ 25,00.  Ou seja, seriam 2 horas de vida indo para o lixo naquele dia! E, o pior, isso ocorre com maior frequência do que se imagina. A água desperdiçada no chuveiro aberto sem necessidade, a lâmpada acesa no cômodo vazio, o resto de comida no prato, a pasta de dente e produtos que são descartados sem acabar por completo. Tudo isso é dinheiro indo pro lixo, ou seja, tempo (que não volta mais) indo embora.


Essa foi uma lição que mudou comportamentos da nossa família e isso é o mais importante! Que sejamos capazes de aprender e mudar hábitos. Passamos a organizar alimentos colocando os que vencerão primeiro de forma mais acessível, congelar o que for possível para prolongar a durabilidade, planejar refeições com esse olhar estratégico, ficar de olho nas informações dos rótulos ao fazer compras.  


Além disso, algo fundamental é separar mensalmente dinheiro para ser investido com o objetivo de ter renda passiva, isto é, aumentar nossos rendimentos sem a dependência direta de tempo dedicado ao trabalho. Significa plantar e cuidar da nossa árvore de dinheiro! É libertador poder usar o tempo de vida de forma mais estratégica, ter opções e não depender somente da renda vinda do trabalho e nem precisar se submeter a pressões e determinadas situações pelo dinheiro.


A relação com o consumo e o dinheiro pode ser mais estratégica. Aqui em casa, sempre sentamos para conversar antes de grandes decisões financeiras. Listamos vantagens e desvantagens, avaliamos se o dinheiro necessário será gerado pelo nosso trabalho, se é fruto de investimentos ou se venderemos algo para fazer essa quantia. Sugiro que converse com sua família, mudem hábitos e aproveitem melhor o tempo de vida e o dinheiro. Por exemplo, quando quiserem comprar algo, como uma nova televisão, respondam: Quantas horas de trabalho isso vai custar? O que mais poderíamos fazer com essa quantia? O que podemos vender, para fazer esse dinheiro? Temos outras prioridades? Essas perguntas podem mudar resultados e contribuir para decisões financeiras responsáveis e sustentáveis. 


Não é uma questão de se privar, economizar, e deixar de viver o presente. Aprender sobre dinheiro é, na verdade, aprender sobre o que valorizamos na vida e colocar o dinheiro para "trabalhar”. Mais do que números em uma conta bancária, dinheiro é tempo, é esforço, é escolha. Ao usá-lo estrategicamente, é possível criar uma vida mais alinhada com sonhos e valores. Então, da próxima vez que você for tomar uma decisão financeira, lembre-se: não é apenas sobre o dinheiro que sai do seu bolso, mas sobre o tempo de vida que você está dedicando para isso. Até a próxima!




Carolina Simões Lopes Ligocki

Autora e fundadora da Oficina das Finanças

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